Artistas da antiga Escola de Samba ouropretana substituíram as atividades carnavalescas por espaço de convivência e estímulo às artes. Exposição na casa dos Contos, em setembro, divulgará trabalho do grupo
Um espaço de muita beleza, arte e conhecimento foi o que se tornou o antigo galpão da Escola de Samba Sinhá Olímpia, localizada à rua de mesmo nome na Bauxita. A escola, que tinha excelentes resultados, mas poucos voluntários durante os meses que antecediam o carnaval, deu lugar a um projeto contagiante, que estimula a arte e a cultura na cidade, mas que poucos conhecem: o Galpão Cultural Sinhá Olímpia. No espaço são produzidas diversas obras de artes, entre elas móveis de papelão, esculturas com latarias, bonecos com isopor e fibra de vidro, mandalas e figuras com casca de ovos, todos tendo como matéria prima o material reciclável.
A iniciativa partiu de um grupo de carnavalesco que estava cansado do acúmulo de tarefas devido à carência de voluntários. “No dia do desfile vinham muitas pessoas, mas para trabalhar durante o ano, eram poucos. Como ninguém queria se responsabilizar, resolvemos transformar o espaço em um centro de convivência para divulgar a arte ouro-pretana e mineira”, conta o senhor José Jacinto de Souza, aposentado e diretor cultural do galpão.
A paixão pela arte pode ser observada pela delicadeza em cada trabalho. Cada canto do espaço encanta quem visita. Com obras feitas em sua maioria de material reciclável, o local sobrevive com as vendas das produções. E não há descanso. De segunda a segunda, das 8h ao meio dia, sempre há algum artista produzindo.
O grupo é formado por 14 pessoas, em sua maioria por aposentados. O Sr. Jacinto fala com emoção da representatividade do Galpão na sua vida. “Muitas vezes a pessoa se aposenta e fica perdida, sem saber o que fazer. Este espaço nos permite novos aprendizados, enche o espírito. O conhecimento está aí e o importante é saber buscá-lo. Estou muito satisfeito, pois continuo ativo, faço pesquisas com relação aos trabalhos produzidos aqui, a cabeça está sempre funcionando. Aqui a gente se abre para o mundo e o importante é aprender todos os dias”, pontua sempre alegre seu Jacinto.
Além da divulgação da arte, o galpão é um centro de convivência que também tem como objetivo a ressocialização de idosos e aposentados. “Muito mais que arte, o ambiente é de convivência. Além de reciclar, promove melhorias do meio ambiente através da reciclagem. Buscamos também melhorar a saúde de quem frequenta o galpão com as hortaliças orgânicas, sem agrotóxico que plantamos aqui na horta comunitária. Cultivamos de tudo”, destaca Ioná Faustino, Turismóloga e paisagista, que também se contagiou e hoje faz parte da direção do projeto.
O local despertou o interesse de pessoas de diversas faixas etárias, com ou sem habilidade manual. “A instituição está sempre de portas abertas. Quem não tem habilidade, aprende, quem tem aprimora. É aberto à toda comunidade”, convida Ioná, que é a responsável pela construção de um jardim inovador, com esculturas do artista Itatiaia, com suas famosas esculturas de ferro de nomes recreativos.
Exposição
O interesse de Ioná sensibilizou os colegas e juntos irão promover uma exposição na Casa dos Contos, A Feira Artesanal, que acontece de 6 a 18 de setembro. A mostra contará com diversos trabalhos, entre eles personagens ilustres da cidade serão retratados, como Ninica, Pé de Rodo, Chico Rei e peças que já foram alegorias da escola de samba.
Atualmente o galpão confecciona alegorias e obras para outras escolas de samba e entidades e até mesmo outras cidades. Já confeccionou obras para igrejas e oficinas de festival de inverno.