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21 de abril em Ouro Preto tem duas cerimônias este ano

21 de abril em Ouro Preto tem duas cerimônias este ano

Pela primeira vez em 66 anos, a entrega da Medalha da Inconfidência, a maior honraria concedida pelo Estado de Minas Gerais, aconteceu em duas cerimônias na cidade de Ouro Preto, na manhã de sábado, dia 21 de abril. A primeira ocorreu às 9h30 na Praça Tiradentes, com a cerimônia oficial de tiros, o hasteamento da bandeira e a colocação de flores no monumento ao mártir da Inconfidência Mineira, Tiradentes. Logo depois, houve a entrega da Medalha da Inconfidência, no Centro de Artes e Convenções da Ufop. A mudança causou diversidade de opiniões entre os moradores.

Ao todo, 170 personalidades e instituições foram lembradas, entre elas a vereadora e ativista dos direitos humanos Marielle Franco, assassinada mês passado no Rio de Janeiro. Sua companheira, Mônica Benício, recebeu a honraria em sua memória. A cerimônia homenageia pessoas que contribuíram para o desenvolvimento de Minas e do Brasil, mas Heley de Abreu, professora de Janaúba, foi esquecida. A educadora entregou sua vida ao salvar grande número de crianças de um salão em chamas. À professora, de 43, sobreviveram três filhos, um bebê de um ano e dois adolescentes, além do marido.

Em seu discurso, o governador comparou o momento político do Brasil e a história de líderes que, no passado, tornaram-se símbolos da luta pela democracia. “A batalha do nosso tempo é a mesma dos inconfidentes: a luta do ontem contra o amanhã. Estamos reverenciando o ontem, mas os heróis do amanhã, que ousaram acreditar que o país conquistaria a independência. Hoje, a democracia, que tanto sacrifício custou à nação e à minha geração, está ameaçada pelas violências, perseguições, excessos e abusos de poder”, ressaltou.

Em Ouro Preto, quatro personalidades e uma instituição foram homenageadas: José Luciano Martins, ‘Zé Preto’, garçom do Restaurante Casa do Ouvidor há 49 anos; as artesãs Maria Cecília Jannuzzi e Cecília Matias Ferreira; e o secretário de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, Zaqueu Astoni; além da Agência de Desenvolvimento Econômico de Ouro Preto, ADOP. “Dedico a homenagem a todos os servidores da Prefeitura de Ouro Preto, da secretaria de Cultura e Patrimônio. Este ano com a singularidade de receber essa honraria no ano do Patrimônio Cultural. É muito importante, me sinto muito honrado”, comemorou Astoni se referindo aos 80 anos que a cidade completa de Patrimônio Cultural. ‘Zé Preto’ se disse honrado pela homenagem em reconhecimento ao seu trabalho de tantos anos. Maria Cecília, artesã ouro-pretana, ficou emocionada pela lembrança do seu nome.

Mudanças na cerimônia

Segundo o Governo do Estado, a mudança na realização do evento atendeu a um pedido da população e visava a liberação da população à Praça mais rápido. Em anos anteriores, o local chegou a ficar fechado por mais de 10 dias. A demanda partiu de lideranças políticas, comerciantes e moradores, afetados pela realização do evento. “Acreditamos que esse formato seja o melhor, vamos fazer a avaliação e claro, sempre consultando a população de Ouro Preto. Só de não ter os palanques enormes na Praça Tiradentes, eu acredito que já tenha minimizando os problemas que ocorriam. Eram 15 dias montando palanque, e 15 dias desmontado”, justificou o prefeito Júlio Pimenta.

A cerimônia acontecia no antigo molde desde 1950. Com a divisão, muitas ruas foram fechadas, dificultando o acesso da população, inclusive a diversos bairros. Mas, por outro lado, o transtorno no Centro da cidade foi bem menor, de acordo com moradores, que dividiram opiniões. “Só não tivemos a mega estrutura de palcos na Praça, mas do restante ficou igual, e digo até mesmo que piorou. Várias ruas fechadas, sem poder transitar, até mesmo carros.

Antes podíamos transitar nestes outros lugares, só não tinha acesso à Praça”, enfatizou Luiz Gustavo Alves, morador do Cabeças. “Antes fechava apenas a Praça, agora é o centro histórico quase todo. Claro, comerciantes podem transitar porque é lucrativo para cidade. Eu, como moradora, serei impedida de transitar no meu bairro. Isso é a Ouro Preto que valoriza mais o comércio turístico, do que nós ouro-pretanos”, argumentou Tacimara Campos. “Eu acredito que não fez muita diferença as ruas fechadas, mas ao menos foi liberado mais cedo e não causou aquele transtorno todo durante a semana anterior ao evento”, defendeu João Batista Ferreira, morador do Morro Santana.

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