Após inúmeros questionamentos em diversas reuniões na Casa do Legislativo marianense, a responsável pela secretaria de Educação, Dulce Maria Pereira, compareceu ao recinto para explicar a situação de professores e alunos da rede municipal, as quais são freqüentemente comentadas no plenário por vereadores.
Durante as explicações, ficou claro que o quadro do ensino municipal apresentado pela membro do Executivo é preocupante. Os números não refletem uma educação de qualidade. Entretanto, ela demonstrou por meio de dados o que se pode e o que estaria sendo feito.
De acordo com a secretaria, dentro desses dados preocupantes, estariam o número “extraordinariamente elevado” de jovens analfabetos e também os de fora da escola. Segundo ela, isso significa que “nós não estamos oferecendo condições de ensino que deveríamos”. Inclusive consta no documento de apresentação de Dulce Pereira o seguinte dado: “De acordo com o IBGE em 2010, 6,6% das pessoas de 15 anos ou mais de idade na cidade de Mariana não sabem ler e escrever”.
Com relação às dificuldades de organização do planejamento dos projetos de reformas e construção de escolas, Dulce também comentou que há particularidades em cada situação. Como exemplo, citou o Cempa. Nesse caso, quem freqüentava a escola estava sofrendo com excessiva presença de pombos no estabelecimento. Alunos foram vítimas de alergias e de infestação de piolhos por conta desse problema. A secretária relatou que, após visitar o local para tomar conhecimento real das condições, também teve problemas alérgicos.
Ainda com relação aos problemas gerais, Dulce também comentou sobre os problemas trazidos de gestões passadas. Dentre eles, pontuou que a relação de compras de produtos em geral “não haviam sido feitas de maneira adequada”. Exemplificando, ela comentou que no processo licitatório de compras da Prefeitura iniciado em 15 de janeiro do ano passado, e aprovado em 15 de julho do mesmo ano, o pedido da Secretaria de Educação não tinha sido incluso.
Mas nem tudo é culpa dos problemas passados
O vereador Fernando Sampaio fez questionamentos sobre a demora da vinda dos equipamentos: “Acho inadmissível que professor tenha que comprar material para dar aula”, dispara. Ainda, afirmou que na Prefeitura “há dois pesos e duas medidas”. E questionou o fato do porquê ter sido feita uma dispensa de licitação para o lixo e não para os equipamentos dos professores. No caso da coleta, ainda há que se salientar que teria havido rompimento de contrato, conforme relatado em O LIBERAL. Como explicação, a secretária afirmou que, nesse caso, a utilização da dispensa “gastaria o mesmo tempo” do processo já licitado.
Além disso, o vereador Fernando comentou outros dois pontos: “não concordo que diretor tem que mandar e-mail marcando antes. Tem escolas que nem computador tem, como vai mandar e-mail?”. Isso se daria pela situação de que teria ouvido de profissionais do ensino municipal que para um diretor conversar com a secretária de Educação deveria antes obrigatoriamente marcar uma reunião por e-mail. A membro do Executivo desmentiu a acusação e disse que houve mudanças de procedimentos internos na secretaria, o que estaria causando incômodos nos profissionais.
O outro ponto tocado pelo edil é que o “raio-x da escola não deve ser feito com diretores, que poderiam ser demitidos (cargo de confiança). Deveria ser feito por três professores concursados, que não teriam medo de represálias”. Nessa questão houve concordância entre o vereador e a secretária, pois, até o momento, a checagem da situação estrutural das escolas estava sendo feita com os diretores.